[No Menu] – Acontecimentos na irrealidade imediata

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Sentar para desvendar as páginas desse livro, admito, foi uma completa aventura. Um conteúdo que nos leva, efetivamente, do nada para lugar nenhum.

Acompanhamos o desenvolvimento desse personagem, sua infância e adolescência, permeada por um alto índice de sensibilidade. Em alguns momentos carregada de sexualidade, mas essa fica em segundo plano quando nos deparamos com os longos diálogos internos do protagonista.

Vemos um jovem, que em determinados momentos gostaria de se encaixar nos moldes da sociedade em que vive, e em outra ocasião aceita sua reclusão e aprende a gostar da solidão.

Ao longo da narrativa, nosso personagem sem nome vive diversas experiências e momentos de epifania, com descrições poéticas e tentativas de fuga da realidade. Tudo para tentar elucidar a questão primordial da existência: qual nosso objetivo? E com tais questionamentos, na narrativa o jovem é tido como um alguém mentalmente instável, beirando a total insanidade. E por vezes, sua atitude chega a nos confundir, como quando ele persegue uma mulher até em casa e prostra-se rezando em seu jardim.

A própria sinopse do livro o descreve como um texto experimental e de certa forma, ele o é. Pois não temos uma história linear e não atingimos um objetivo final. A questão permanece insolúvel, mas foi um grato deleite deslizar sobre essas páginas. Talvez saber que o autor faleceu tão jovem, com 29 anos, vítima de uma doença, agregue certa aura a obra. Mas é pela capacidade de suscitar questionamentos pouco usuais que se encontra a magia do texto desenvolvido. Vale a tentativa de degustar.

O livro: Acontecimentos na irrealidade imediata, de Max Blecher.

 

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