[No Menu] – Acontecimentos na irrealidade imediata

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Sentar para desvendar as páginas desse livro, admito, foi uma completa aventura. Um conteúdo que nos leva, efetivamente, do nada para lugar nenhum.

Acompanhamos o desenvolvimento desse personagem, sua infância e adolescência, permeada por um alto índice de sensibilidade. Em alguns momentos carregada de sexualidade, mas essa fica em segundo plano quando nos deparamos com os longos diálogos internos do protagonista.

Vemos um jovem, que em determinados momentos gostaria de se encaixar nos moldes da sociedade em que vive, e em outra ocasião aceita sua reclusão e aprende a gostar da solidão.

Ao longo da narrativa, nosso personagem sem nome vive diversas experiências e momentos de epifania, com descrições poéticas e tentativas de fuga da realidade. Tudo para tentar elucidar a questão primordial da existência: qual nosso objetivo? E com tais questionamentos, na narrativa o jovem é tido como um alguém mentalmente instável, beirando a total insanidade. E por vezes, sua atitude chega a nos confundir, como quando ele persegue uma mulher até em casa e prostra-se rezando em seu jardim.

A própria sinopse do livro o descreve como um texto experimental e de certa forma, ele o é. Pois não temos uma história linear e não atingimos um objetivo final. A questão permanece insolúvel, mas foi um grato deleite deslizar sobre essas páginas. Talvez saber que o autor faleceu tão jovem, com 29 anos, vítima de uma doença, agregue certa aura a obra. Mas é pela capacidade de suscitar questionamentos pouco usuais que se encontra a magia do texto desenvolvido. Vale a tentativa de degustar.

O livro: Acontecimentos na irrealidade imediata, de Max Blecher.

 

[No Menu] – Elogio da Madrasta

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Estou eu aqui sentada, pensando em uma boa maneira de começar a escrever uma resenha sobre “Elogio da Madrasta” do Mario Vargas Llosa. Mas, qual seria a maneira ideal de se abordar um livro tão pequeno, com um conteúdo aparentemente óbvio, mas que enseja tantos assuntos de forma sutil à nossa mente?

Primeiro, acho justo posicionar meu pré-conceito com relação ao livro. Eu o adquiri nas famosas promoções de R$9,90 do Submarino, sem saber ao certo seu teor, mas mais por conhecer de nome o autor e sabe-lo consagrado no meio literário. Quando a obra me chega em mãos e busco por um resumo ou resenha (pois sim, eu consulto antes de ler, e depois desse livro, consulto antes de comprar também) já não gosto do conceito que me é apresentado, por ser tratar de uma incursão do autor na literatura erótica, e como de literatura erótica já é consolidado na mente do senso comum, e que tenho para mim como fatídica, Cinquenta tons de cinza e seus semelhantes, o singelo volume da edição econômica recém adquirida foi mofar na prateleira.

Eis então a proposta do Desafio Livrada de 2016, ler algo que você não sabe por que comprou. Ora, esse sim era um título digno da categoria. Devidamente incluído, respirei fundo, engoli o pré-conceito sobre o tema, e fui me aventurar nas páginas belicosas da novela.

Em linhas gerais, o livro se trata de um garoto que é apaixonado pela nova madrasta. Até aí, sem surpresas. Mas o que se segue nas páginas, é uma descrição sobre o desenrolar deste relacionamento. E tirem as crianças da sala…

—- SPOILER ALERT —-

 

Vai haver de fato um relacionamento, mais do que platônico. No decorrer do livro, a narrativa descamba pra uma coisa carnal, e teremos sim um quê de pedofilia na história entre Fonchito, o garotinho de uns 10 anos, e a madrasta, Dona Lucrécia.

 

—- SPOILER ENDS —-

O texto é perpassado por várias figuras imagéticas e às vezes mitológicas, como a representação de um querubim, para o amor que o menino sente pela madrasta. A escrita de Llosa é impecável neste quesito. E os vários devaneios representados por Dona Lucrécia e Don Rigoberto em suas noites de amor, ganha capítulos inteiros, com descrições detalhadas até mesmo dos quadris da esposa, personificada como rainha de um império há muito extinto.

Voyerismo, pedofilia, hedonismo e perda da inocência são temas representados na obra com maestria. E a surpresa reside exatamente na perda desta inocência, pois no decorrer e findar da história, fica claro que o único realmente desperto e consciente dos atos e fatos transcorridos, é o pequeno Fonchito.

Agora, você deve estar se perguntando se gostei do livro. Digo-lhe que não sei. É de fato uma obra excelente, vistos os atributos que descrevi até aqui, mas ainda tenho a sensação que algo me escapou aos olhos e definitivamente minha vontade de reler não se encontra avivada. Então ficarei na incongruência dos sentimentos, e só posso me contentar em buscar por títulos do autor que não retomem esta temática narrativa.

Expectativa

Ilustração de Derek Hess

 

Começou sentindo a sensação de liberdade fluir por todo seu corpo. Não sentia mais o peso do mundo nos ombros. Não sentia mais o peso de sua vida em seus próprios ombros.

Naquele momento, lembrava-se de fragmentos de sua vida. Fragmentos que traziam um turbilhão de sensações.

Seu aniversário de 15 anos, momento em que a vida ainda era doce, o mundo não pesava sob seus ombros, a vida não lhe cobrava as dívidas, não haviam preocupações além daquelas sobre seu par na dança e se ele a beijaria no final da noite.

Os 18 anos, a ida para a faculdade e o início daquilo que se tornaria sua carreira. Direito foi sua opção. Não sua verdadeira opção. No fundo queria estudar artes, fazer do mundo um lugar mais bonito. Mas foi fazer direito, profissão respeitada, que iria servir de sustento. Nesse ponto da vida começou a adicionar peso a sua carga.

Aos 22 teve a formatura e a lembrança amarga do rompimento com o namorado. Estavam juntos havia três anos.

Sentia o tempo passar cada vez mais devagar, mas sabia que ia cada vez mais rápido.

As lembranças surgiam em flashes.

O casamento. Não foi como e nem com quem gostaria, mas era o aceitável, o desejável, o correto! Depois os filhos. Dois. Na verdade queria ter ido viajar pelo mundo, conhecer novas pessoas, divertir-se. Mas a gestação era o que esperavam dela após o casamento e assim foi cumprido.

Os anos se passavam como que um rolo de filmes no projetor.

A carreira de advogada, nem boa, nem ruim. A carreira de esposa, nem boa, nem ruim. A carreira de mãe, nem boa, nem ruim. Nada era bom o suficiente, nem ruim o suficiente. Apenas ficava na linha do esperado.

Com o tempo sua carga aumentou demais e suas costas já não suportavam mais tanto peso. Mas agora sentia-se livre. Leve como o ar.

Podia se livrar de todos os julgamentos, de todas as expectativas, dos medicamentos, dos filhos, do marido, da família. Não mais suportava ser aquilo que os outros queriam que ela fosse.

Finalmente podia ser ela mesma. Ali naqueles segundos.

E foram na verdade alguns poucos segundos que a libertaram e a separaram entre a janela de seu escritório no 35° andar e o gosto de ferro de seu sangue na calçada da avenida movimentada.

O melhor do feriado!

No natal aproveitei a família reunida e inaugurei uma receita que há tempos tinha vontade de fazer: brownie!!!! E apesar de ter passado um pouquinho do ponto, pois meu forno não é lá essas coisas, ficou bem gostoso viu…

É uma ótima receita pra se fazer quando as pessoas estão sem ideias para sobremesas, e sempre aparece o fatídico comentário “A sobremesa vai ser sorvete”. Sério gente. Sorvete não é sobremesa que se apresente em festa familiar… e na minha família isso vem acontecendo com certa frequência, então o brownie pra acompanhar o xexelento do sorvete, até é uma boa pedida.

Pra sobreviver a esse comentário no ano novo, fiz um rocambole com cobertura de chocolate, mas esse é receita pra outro dia… rsrsrs, agora, aqui vai a receitinha do brownie, pra ninguém passar vontade nesse ano!

Fonte da Imagem: http://diadedomingas.blogspot.com.br

Brownie

Ingredientes

250grs de Chocolate Meio Amargo

50 g de manteiga/margarina em cubos

Meia xícara (chá) de açúcar mascavo

5 colheres (sopa) de açúcar

2 ovos

1 colher (chá) de essência de baunilha

Meia xícara (chá) de farinha de trigo

1 colher (chá) de bicarbonato de sódio

1 xícara (chá) de noz picada

Manteiga/margarina para untar

Farinha de trigo para polvilhar

Modo de Preparo

Em uma panela coloque o Chocolate e a manteiga e leve ao fogo em banho-maria e vá mexendo até obter um creme homogêneo. Adicione o açúcar mascavo e o açúcar comum e mexa até estar bem dissolvido.

Separadamente, bata os ovos com a essência de baunilha e misture ao creme de chocolate. Adicione a farinha de trigo, o bicarbonato e as nozes.

Despeje a massa em uma fôrma retangular pequena (tipo, pequena mesmo, senão vai ter que fazer 2 receitas), untada e enfarinhada. Asse em forno médio (180 ºC), preaquecido, por cerca de 20 minutos.

Desenforme e deixe esfriar. Corte em quadrados e sirva.